quarta-feira, 8 de junho de 2011

ANID lança edital de R$ 4,9 milhões para acesso à banda larga

Em apoio ao PNBL – Plano Nacional de Banda Larga, a ANID - Associação Nacional para Inclusão Digital, com sede em João Pessoa, lançou edital de seleção de propostas para projetos que tenham o objetivo de contribuir com a socialização do conhecimento, desenvolvimento regional, inclusão social e digital, no último dia 11 de maio. 
A iniciativa vai disponibilizar acesso à internet em banda larga e terá alcance nacional, contemplando projetos de municípios dos estados de Alagoas, Bahia, Ceará, Distrito Federal, Minas Gerais, Paraíba, Pernambuco, Paraná, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Sergipe, Rio de Janeiro e São Paulo. Apenas na Paraíba, o edital abrange 136 cidades.
Para os projetos selecionados, serão disponibilizados R$ 4,9 milhões, apoio que será feito, exclusivamente, na forma de disponibilização de circuitos de internet banda larga por um período de 12 meses. Deste total, a ANID destinará 30% para serem aplicados em associações comunitárias. A submissão de propostas poderá ser feita até o dia 27 de junho.
Os projetos podem ser apresentados por prefeituras, ONGs, associações, lan houses, dentre outras organizações civis brasileiras de direito público e privado, atuantes em qualquer área do território nacional e que desejem realizar e fomentar propostas que estejam em consonância com os objetivos descritos no regulamento e contemplem as áreas geográficas que constam no edital (Anexo I). Através dessa iniciativa, a ANID tem o propósito de gerar casos reais de projetos inovadores de inclusão digital, fortalecendo a educação, o empreendedorismo e a cidadania, contribuindo para a universalização do acesso à internet para população de menor renda.
A ANID é uma organização sem fins lucrativos e tem o objetivo principal de promover a inclusão digital no Brasil através da participação de voluntários, do apoio às micro e pequenas empresas de base tecnológica, de suas ligações com a comunidade e de seus arranjos produtivos locais. Informações adicionais poderão ser obtidas através de mensagem enviada ao endereço capex@anid.com.br ou pelos telefones (83) 3513-5363, de segunda a sexta-feira, no horário de 8h30 às 18h30.

terça-feira, 7 de junho de 2011

NESTA SEMANA COMEÇA FESTA DO SAGRADO CORAÇÃO DE JESUS EM TUPARETAMA

segunda-feira, 30 de maio de 2011

SEXTA-FEIRA TEREMOS O 5º BALAIO CULTURAL. VENHA PARTICIPAR VOCÊ TAMBÉM!

Toni Reis: Carta aberta à Presidenta Dilma Vana Rousseff

Querida presidenta Dilma,
No seu governo, ficamos felizes porque vinham se concretizando afirmações feitas na campanha e na posse. No dia 30/03/2011 houve a posse do Conselho Nacional de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais (LGBT), que é composto por 15 ministérios e 15 organizações da sociedade civil. Um avanço importantíssimo.
Ficamos mais felizes ainda com sua convocação no dia 18/05/2011, em conjunto com a Ministra Maria do Rosário, da II Conferência Nacional LGBT, a ser realizada nos dias 15 a 18 de dezembro de 2011.
Na semana do Dia Internacional (e Nacional) Contra a Homofobia, fomos recebidos por 12 ministérios de seu Governo, para tratar de questões LGBT.  Também para relembrar, em discurso de posse Vossa Excelência afirmou:  “Quem, como eu e tantos outros da minha geração, lutamos contra o arbítrio e a censura, somos naturalmente amantes da mais plena democracia e da defesa intransigente dos direitos humanos, no nosso País e como bandeira sagrada de todos os povos”
“O Brasil do futuro será exatamente do tamanho daquilo que, juntos, fizermos por ele hoje. Do tamanho da participação de todos e de cada um… de todos aqueles que lutam para superar distintas formas de discriminação
“Essa não será uma tarefa isolada de um governo, mas um compromisso a ser abraçada por toda a sociedade”
“A ação integrada de todos os níveis de governo e a participação da sociedade é o caminho para a redução da violência que constrange a sociedade e as famílias brasileiras“.
No entanto, no dia 25 de maio recebemos a notícia desalentadora que V. Excia. suspendeu - sem ter consultado os Ministérios envolvidos, o próprio Conselho Nacional LGBT, ou outras pessoas diretamente envolvidas com o assunto – um trabalho árduo de pelo menos 537 pessoas de todas as regiões do país, conduzido por instituições de renome: a Pathfinder do Brasil, a ECOS – Comunicação em Sexualidade; a Reprolatina – Soluções Inovadoras em Saúde Sexual e Reprodutiva, e realizado durante 3 anos em parceria com o Governo Federal. O produto desse trabalho, o Kit do Projeto Escola Sem Homofobia, foi avalizado pelo Conselho Federal de Psicologia, UNESCO, UNAIDS, entre outras entidades de renome nacional e internacional.

O material do kit foi analisado pelo Departamento de Justiça, Classificação, Títulos e Qualificação do Ministério da Justiça, que faz a “classificação indicativa”, e que deliberou que o material está apropriado para uso no Ensino Médio.
No dia 03 de maio, a Procuradoria Federal dos Direitos do Cidadão (Procuradoria Geral da República) promoveu uma audiência pública intitulada “Avaliação dos programas federais de respeito à diversidade sexual nas escolas”. A avaliação incluiu o kit de material do projeto Escola Sem Homofobia, e concluiu que o mesmo está apropriado para uso no Ensino Médio.
Queremos dizer que não queremos “propaganda” de nossa ORIENTAÇÃO* sexual e nem de nossa identidade de gênero. Nunca pedimos isto. Todo mundo sabe que somos lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais. (grifos do Maria Frô)
Querida presidenta Dilma … esta carta não é chantagem. É uma reivindicação baseada nos compromissos afirmados por seu governo e baseada nas garantias fundamentais da Constituição Federal.
Como cidadãos e cidadãs brasileiros e brasileiras, queremos políticas públicas e legislações para acabar com a vergonha nacional do “HOMOCIDIO” Brasileiro … 3.448 assassinatos, segundo o Grupo Gay da Bahia.
Veja as outras cifras de pesquisas científicas:
60% dos/das LGBT Brasileiros/as já foram discriminados/as
20% dos/das LGBT Brasileiros/as já foram espancados/as
60% dos/das profissionais de educação não sabem lidar com LGBT
87% dos/das brasileiros/as têm preconceito contra LGBT.
40% dos adolescentes masculinos não querem nem saber de estudar com LGBT.
Estas e outras informações sobre discriminação e a violência contra a população LGBT estão disponíveis para consulta em: ABGLT,
Ainda, em junho de 2010, foram publicados os resultados de uma pesquisa promovida pelo Departamento de DST, AIDS e Hepatites Virais do Ministério da Saúde, referente à população gay. Embora o enfoque da pesquisa tenha sido a obtenção de informações sobre a epidemia da aids nesta população, outros dados relevantes também foram revelados, entre os quais destacamos que 51,3% dos entrevistados afirmaram ter sido discriminados no local de trabalho em função de sua orientação sexual.
Presidenta Dilma como mãe e como vovó veja este vídeo da Dona Angélica mãe que perdeu seu filho Alexandre Ivo causado pelo homofobia (No Maria Frô o vídeo foi publicado em janeiro/2011)… triste né? Eu chorei muito.

Todos e todas contra a violência e a discriminação à comunidade LGBT neste pais.
Enfim presidenta Dilma,
“Façamos da interrupção um caminho novo.
Da queda um passo de dança,
do medo uma escada,
do sonho uma ponte, da procura um encontro.” (Fernando Sabino)
Continuamos nosso diálogo.
Sangrando na luta (ainda) não morto.
Tudo que não nos mata nos fortalece (Nietzsche)
Nossa luta se estremeceu mas com isto também nos fortaleceu e percebemos que temos que derrubar muito mais muros e construir muito mais pontes a alem do que já fazemos.
“Mas se ergues da justiça a clava forte,
Verás que um filho teu não foge à luta,
Nem teme quem te adora a própria morte
Terra adorada!
Entre outras mil és tu Brasil, ó Pátria amada!” (Hino Nacional)
Parabéns Supremo Tribunal Federal – o principio da igualdade venceu. Orgulho do Brasil
Nós LGBT unidas e unidos sempre com aliados e aliadas contra homofobia individual, social e institucional.
Queremos a aprovação imediata de uma lei que criminalize a homofobia. A base aliada é ampla. A senhora pode nos ajudar muito sim. Com certeza será mais fácil que o código florestal.
Queremos o investimento de recursos em todos os Ministérios para que as 600 propostas da 1ª Conferência acional LGBT saiam do papel e o descontingenciamento já de todas as emendas destinadas as ações de proteção e garantia da cidadania da população LGBT (accountability now).
Queremos que os órgãos do Governo Federal implantem imediatamente as 166 ações do Plano Nacional de Promoção da Cidadania e Direitos Humanos LGBT.
Queremos que haja registro oficial nos Boletins de Ocorrência e Laudos dos IML sobre a violência e discriminação contra a população LGBT. Para ter políticas de combate a este fenômeno, há de ter estatísticas oficiais. Governador Sérgio Cabral pode colaborar muito.
Queremos que seja cumprido o Decreto 109-A, de 17 de janeiro de 1890, que estabelece a Laicidade do Estado, e o respeito a todas as religiões, qualquer seja sua denominação, e o respeito aos ateus e às ateias.
Além do kit Escola Sem Homofobia, queremos um grande kit “Sociedade Sem Homofobia”. Queremos uma Campanha Nacional do Governo Federal contra a Homofobia. Queremos uma campanha contra o bullying e contra toda e qualquer forma de discriminação

Isto posto, estamos convocando as organizações LGBT afiliadas da ABGLT – assim como as organizações e pessoas parceiras e aliadas – para, juntos e juntas, no mês de junho – em que se comemora o Dia Nacional e Internacional do ORGULHO LGBT, fazermos uma mobilização nacional em todas as capitais e cidades, iniciando em São Paulo com a maior Parada LGBT do mundo, denunciando a situação da discriminação e violência contra a comunidade LGBT brasileira. E com todos os casais homoafetivos registrando suas uniões estáveis, em pé de igualdade com seus pares heterossexuais. Viva os 11 Ministros do STF
“Hasta la Victória siempre”. Que a “Sierra Maestra” da homofobia seja tomada pelo respeito à diversidade humana neste pais.
Esse pais tem Justiça, que o diga os dez ministros do Supremo Tribunal Federal. A decisão do STF é o exemplo e o norte para o Executivo e o Legislativo. Agradecemos pelo apoio de seu Governo: nos dias 4 e 5 de maio, o Procurador-Geral da República e o Advogado-Geral da União defenderam no Supremo Tribunal Federal o reconhecimento da igualdade de direitos dos casais homoafetivos e a Ministra da Secretaria de Direitos Humanos e membros de sua equipe acompanharam a votação pessoalmente.
Que a CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL DE 1988 seja cumprida em todos seus artigos, principalmente o artigo 3º: Constituem objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil:
IV – promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação (inclusive para pessoas LGBT).
e o artigo 5º: Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza.
Que derrubemos a “Bastilha” do racismo, machismo, patriarcado, obscurantismo, antissemitismo, fundamentalismo, fanatismo, a homofobia e a intolerância religiosa. Que tudo isto vá para o ralo da história.
Estamos abertos ao diálogo e à negociação, sempre. País rico é um país sem pobreza, e também sem homofobia. Todos e todas contra a miséria social e intelectual.
Fraternalmente
Toni Reis, Professor, Especialista Sexualidade Humana, Mestre em Filosofia, Doutorando em Educação, Conselheiro do Conselho Nacional LGBT, Agraciado pelo Prêmio de Direitos Humanos do Governo Federal em 2010, Presidente da ABGLT – Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais (gestão 2010-2012), Secretário do Conselho Diretor da ASICAL – Associação para Saúde Integral e Cidadania na América Latina e Caribe.
*não OPTAMOS por ser LGBT. Quem optaria por sofrer todas estas e outras formas de preconceito, estigma, discriminação e violência?

Carta aberta de Católicas pelo Direito de Decidir à Presidenta Dilma Rousseff sobre a polêmica criada em torno do kit anti-homofobia

Estado laico. O que é isso, companheira?

Do site CATÓLICAS PELO DIREITO DE DECIDIR

Presidenta Dilma,

Estamos estarrecidas! A polêmica criada em torno do kit anti-homofobia e o recuo do governo federal ante as pressões vindas de alguns dos setores mais conservadores e preconceituosos da sociedade nos deixou perplexas. E temerosas do que se anuncia para uma sociedade que convive com os maiores índices de violência e crimes de morte cometidos contra pessoas lésbicas, gays, bissexuais, travestis, transexuais e intersex (LGBTTI) do mundo. Temos medo de um retorno às trevas, senhora Presidenta, e não sem motivos.

A vitoriosa pressão contra o kit anti-homofobia da bancada religiosa, majoritariamente composta por conservadores evangélicos e católicos, em um momento em que denúncias de corrupção atingem o governo, traz de volta ao cenário político a velha prática de se fazer uso de direitos civis como moeda de troca. Trocam-se, mais uma vez, votos preciosos e silêncio conivente pelo apoio ao preconceito homofóbico que retira de quase vinte milhões de brasileiros e brasileiras o direito a uma vida sem violência e sem ódio. A dignidade e a vida de pessoas LGBTTI estão valendo muito pouco nesse mercado escuso da política do toma-lá-dá-cá, senhora Presidenta! E o compromisso com a verdade parece que nada vale também.

Presidenta, convenhamos, a senhora sabe que o kit anti-homofobia é um material educativo, que não tem por finalidade induzir jovens a se tornarem homossexuais, até mesmo porque isso é impossível, como tod@s sabemos. Não se induz ninguém a sentir amor ou desejo por outrem. Mas respeito, sim. E ódio também, senhora Presidenta… ódio é possível ensinar! Poderíamos olhar para trás e ver o ódio que a propaganda nazista induziu contra judeus, ciganos, homossexuais. Porém, infelizmente, não precisamos ir tão atrás no tempo. Temos terríveis exemplos recentes de agressões covardes e aviltantes a pessoas LGBTTI e o enorme índice de violência contra as mulheres acontecendo aqui mesmo, em nosso próprio país.

Quando a senhora afirma, legitimando os conservadores homofóbicos, que é contra a propaganda da “opção” sexual, faz parecer que alguém pode, de fato, “optar” por sentir esse ou aquele desejo. Amor, desejo, afeto não são opcionais, ninguém escolhe por quem se apaixona, senhora Presidenta! Mas se escolhe ferir, matar, humilhar.

Quando a senhora diz que todo material do governo que se refira a “costumes” deve passar por uma consulta a “setores interessados” da sociedade antes de serem publicados ou divulgados, como estampam hoje os jornais, ficamos ainda mais perplexas. De que “costumes” estamos falando, senhora Presidenta? E de que “setores interessados”? Não se trata de “costumes”, mas de direitos de cidadania que estão sendo violados recorrentemente em nosso país e em nome de uma moral religiosa conservadora, patriarcal, misógina, racista e homofóbica. Trata-se de direitos humanos que são negados a milhões de pessoas em nosso país!

E “setores interessados”, nesse caso, deveria significar a população LGBTTI e todas as forças democráticas do nosso país que não querem ter um governo preso a alianças políticas duvidosas, ainda mais com setores “interessados” em retrocessos políticos quanto aos direitos humanos da população brasileira. O país que a senhora governa ratificou resoluções da ONU tomadas em grandes conferências internacionais, em Cairo (1994) e em Beijing (1995), comprometendo-se a trabalhar para que os direitos sexuais e os direitos reprodutivos sejam reconhecidos como direitos humanos. No entanto, até hoje pessoas LGBTTI morrem por não terem seus direitos garantidos. Mulheres morrem pela criminalização do aborto e pela violência de gênero.

Comemoramos quando uma mulher foi eleita ao cargo máximo de nosso país. Ainda mais porque, como boa parcela da sociedade, levantamos nossa voz contra o aviltamento do Estado laico, ao termos um uso perverso da religião nas campanhas eleitorais de 2010 para desqualificar uma mulher competente e com compromisso com a dignidade humana. Antes ainda, levantamos nossa voz a favor do III PNDH, seguras de que deveria ser um instrumento de aprofundamento do respeito aos direitos humanos em nosso país. Agora não temos o que comemorar, senhora Presidenta! Parece que o medo está, de novo, vencendo a verdade. E a dignidade.

Infelizmente, temos de – mais uma vez! – vir a público exigir que os princípios do Estado laico sejam cumpridos. Como a senhora bem sabe, a laicidade é essencial à democracia e não se dá pela simples imposição da vontade da maioria, pois isso resulta em desrespeito aos direitos humanos das minorias, sejam elas religiosas, étnico-raciais, de gênero ou orientação sexual. Não existe democracia se não forem respeitados os direitos humanos de todas as pessoas. Impor a crença religiosa de uma parcela da população ao conjunto da sociedade coloca em risco a própria democracia, já que os direitos humanos de diversos segmentos sociais estão sendo violados. Portanto, senhora Presidenta, não seja conivente! Não permita que alguns setores da sociedade façam do Estado laico um conceito vazio, um ideal abstrato.

Como Católicas pelo Direito de Decidir, repudiamos o uso das religiões neste contexto de manipulação política e afirmamos nosso compromisso com a laicidade do Estado, com a dignidade humana e nosso apoio ao uso do kit educativo pelo fim da homofobia nas escolas brasileiras.

Católicas pelo Direito de Decidir

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sábado, 28 de maio de 2011

AO PESSOAL QUE PREFERE A HOMOFOBIA À HOMOSSEXUALIDADE

Do blog ESCREVA LOLA ESCREVA

No final de semana passada a Record, ligada à Igreja Universal do Reino de Deus, exibiu uma das reportagens mais tendenciosas que eu já vi. Foram nove minutos ininterruptos batendo no kit de combate à homofobia. Uma vergonha. Não havia outro lado, como ao jornalismo convém adotar. Todos os “outros lados” (por exemplo, um ativista gay) eram igualmente contra. Ficou parecendo que o governo inventou a campanha sozinha, só por falta do que fazer, como se ela não fosse uma grande reivindicação dos movimentos LGBTTT.

É fácil ser contra o que Bolsonaro, aquele misto de deputado ultrareaça com Tiranossauro Rex, apelidou de “Kit gay”, ainda mais se repórteres te param na rua perguntando: “O que você acha deste vídeo com um desenho animado de dois rapazes se beijando ser exibido na escola pro seu filho de cinco anos?”. Olha, nesses termos, acho que até eu seria contra! E é mais fácil ainda ser contra quando nos escondemos por trás do manto sagrado da ignorância. É sério que a gente compra o que a mídia fala do projeto, sem nem sequer tentar descobrir o que ele representa? (Recomendo que você veja os três vídeos e julgue por si mesm@: vídeo um, vídeo dois, vídeo três. Agora me diga se eles têm o potencial de converter um hétero pra homossexualidade ou pra discutir o bullying?).

Uma canjinha: o kit representa apenas uma tentativa de educar os professores de escolas públicas para lidar com o enorme problema da homofobia. Seria usado com alunos do ensino médio, a partir dos 15 anos de idade (longe de serem criancinhas indefesas). O material incluía três vídeos bastante didáticos e nem um pouco explícitos (qualquer novela das seis mostra cenas cem vezes mais calientes, mas entre casais heterossexuais ― então pode?) e uma cartilha com sugestões de exercícios para o professor levantar na sala de aula. Só. Poderia ser usado, por exemplo, em aulas de educação sexual para que se discutisse a diversidade e a tolerância à diferença.

Mas parece que vivemos num tempo de trevas (eu me senti em plena Idade Média durante a condenação à legalização do aborto durante a campanha presidencial do ano passado), em que ensinar tolerância é algo negativo. Putz, então eu tenho uma noção equivocada da educação. Pensei que educar fosse ensinar a pensar com senso crítico, a respeitar as diferenças, a conviver harmoniosamente em sociedade. Essas coisinhas básicas que eu adoraria que os pais ensinassem. Mas não, não ensinam. Se ensinassem, não haveria tanta gente preconceituosa no planeta. Por isso é absurdo ouvir quem é contra o kit anti-homobofia dizer que “só a família deveria tocar nesses assuntos com os filhos”. Tradução do que isso significa: “ninguém deve falar pro meu filho sobre homossexualidade, porque assim quem sabe dá pra fingir que essa depravação não existe”.

E aí, quem vai ensinar um ser em formação a não ser preconceituoso? Os pais, contaminados por uma geração ultrapassada de preconceitos? As diversas igrejas e religiões? Não me faça rir. As igrejas adotaram a bandeira contra a homossexualidade como se fosse sua única missão na vida. Ah, quem sabe a mídia possa educar? Desculpe, mas agora passei mal. Essa mídia que sobrevive de programas humorísticos que só perpetuam o preconceito? Que passa suas opiniões disfarçadas de jornalismo neutro e imparcial? (porque este texto que vos fala é uma opinião. Eu não finjo que sou objetiva). Talvez os amigos possam educar... Não, acho que não. Sobra a escola. Uma escola que é feita de pessoas, pessoas tão preconceituosas como as da família, da igreja, da mídia.

Mas por que seria necessário que se combatesse a homofobia (e tantos outros preconceitos)? Porque o ódio mata entre 200 e 400 gays, lésbicas, travestis e transgênero por ano. São brasileiros que são assassinadas unicamente pela sua orientação sexual. O Brasil é um dos países mais homofóbicos do mundo e, apesar do governo do PT ter sido o mais acolhedor às causas homossexuais na história, os números da violência permanecem inalterados. Nas escolas, os casos de bullying contra meninos “afeminados” e meninas “másculas” são altíssimos. Nossa sociedade é tão cruel com os adolescentes que se descobrem homossexuais que há incontáveis suicídios entre eles (nos EUA, existe uma campanha que promete que a vida melhora pro gay caso ele sobreviva à adolescência). É isso mesmo que a gente quer como sociedade? Desde quando não aceitar o diferente faz com que ele vire “normal”? Desde quando ser “normal” é necessariamente bom?

“Normal”, pelo jeito, é aquele ser burrinho que dói que pensa que, se o seu filho conversar sobre homofobia, ele se transformará num homossexual. Pô, é que nem achar que se posicionar contra o racismo faz um branco virar negro. Ou que um homem que seja a favor dos direitos iguais pras mulheres deixa de ser homem. Não faz o mínimo sentido, mas é nisso que os “normais” creem. O “normal” é aquele que pensa que defender um mundo sem intolerância é querer endoutrinar alunos. Ahn, sinto ser eu a contar isso pra você, mas endoutrinados eles já estão. Senão não precisariam da escola para ensinar-lhes a se ver livres dos preconceitos.

Pra ser franca, não sei se uma campanha de combate à homofobia nos moldes do kit teria resultados, mas sei que é preciso tentar. Por isso é extremamente desolador que o governo tenha voltado atrás e aposentado o kit anti-homofobia antes mesmo de tê-lo lançado. Diz-se que houve pressão da bancada evangélica, que teria ameaçado abrir uma CPI pra investigar o Palocci se o governo não desistisse da campanha. Se for verdade, é muita deceção. Porque, né? Dane-se o Palocci! Ele nem deveria estar nessa administração pra começar. Mas é assim que o governo pretende se comportar? Trocando fidelidade partidária por direitos humanos?

É óbvio que os gays, e a causa dos direitos humanos em geral, estariam em lençóis piores se a direita houvesse vencido as eleições. Mas é muito decepcionante ver um governo recém iniciado como este recuar num ponto tão importante. E mais decepcionante ainda é perceber o comportamento de manada de boa parte da população, que fala sem querer ouvir e insiste em perpetuar preconceitos. E que não tem pudor em informar-se através de uma mídia nada interessada em informar.

FREI BETTO: Os gays e a Bíblia



Do site AMAI-VOS

É no mínimo surpreendente constatar as pressões sobre o Senado para evitar a lei que criminaliza a homofobia. Sofrem de amnésia os que insistem em segregar, discriminar, satanizar e condenar os casais homoafetivos.

No tempo de Jesus, os segregados eram os pagãos, os doentes, os que exerciam determinadas atividades profissionais, como açougueiros e fiscais de renda. Com todos esses Jesus teve uma atitude inclusiva. Mais tarde, vitimizaram indígenas, negros, hereges e judeus. Hoje, homossexuais, muçulmanos e migrantes pobres (incluídas as “pessoas diferenciadas”...).

Relações entre pessoas do mesmo sexo ainda são ilegais em mais de 80 nações. Em alguns países islâmicos elas são punidas com castigos físicos ou pena de morte (Arábia Saudita, Irã, Emirados Árabes Unidos, Iêmen, Nigéria etc).

No 60º aniversário da Decclaração Universal dos Direitos Humanos, em 2008, 27 países membros da União Europeia assinaram resolução à ONU pela “despenalização universal da homossexualidade”.

A Igreja Católica deu um pequeno passo adiante ao incluir no seu Catecismo a exigência de se evitar qualquer discriminação a homossexuais. No entanto, silenciam as autoridades eclesiásticas quando se trata de se pronunciar contra a homofobia. E, no entanto, se escutou sua discordância à decisão do STF ao aprovar o direito de união civil dos homoafetivos.

Ninguém escolhe ser homo ou heterossexual. A pessoa nasce assim. E, à luz do Evangelho, a Igreja não tem o direito de encarar ninguém como homo ou hétero, e sim como filho de Deus, chamado à comunhão com Ele e com o próximo, destinatário da graça divina.

São alarmantes os índices de agressões e assassinatos de homossexuais no Brasil. A urgência de uma lei contra a homofobia não se justifica apenas pela violência física sofrida por travestis, transexuais, lésbicas etc. Mais grave é a violência simbólica, que instaura procedimento social e fomenta a cultura da satanização.

A Igreja Católica já não condena homossexuais, mas impede que eles manifestem o seu amor por pessoas do mesmo sexo. Ora, todo amor não decorre de Deus? Não diz a Carta de João (I,7) que “quem ama conhece a Deus” (observe que João não diz que quem conhece a Deus ama...).

Por que fingir ignorar que o amor exige união e querer que essa união permaneça à margem da lei? No matrimônio são os noivos os verdadeiros ministros. E não o padre, como muitos imaginam. Pode a teologia negar a essencial sacramentalidade da união de duas pessoas que se amam, ainda que do mesmo sexo?

Ora, direis ouvir a Bíblia! Sim, no contexto patriarcal em que foi escrita seria estranho aprovar o homossexualismo. Mas muitas passagens o subtendem, como o amor entre Davi por Jônatas (I Samuel 18), o centurião romano interessado na cura de seu servo (Lucas 7) e os “eunucos de nascença” (Mateus 19). E a tomar a Bíblia literalmente, teríamos que passar ao fio da espada todos que professam crenças diferentes da nossa e odiar pai e mãe para verdadeiramente seguir a Jesus.

Há que passar da hermenêutica singularizadora para a hermenêutica pluralizadora. Ontem, a Igreja Católica acusava os judeus de assassinos de Jesus; condenava ao limbo crianças mortas sem batismo; considerava legítima a escravidão e censurava o empréstimo a juros. Por que excluir casais homoafetivos de direitos civis e religiosos?

Pecado é aceitar os mecanismos de exclusão e selecionar seres humanos por fatores biológicos, raciais, étnicos ou sexuais. Todos são filhos amados por Deus. Todos têm como vocação essencial amar e ser amados. A lei é feita para a pessoa, insiste Jesus, e não a pessoa para a lei.

Autor: Frei Betto

sexta-feira, 27 de maio de 2011

ENCONTRO NORDESTINO DE XAXADO EM SERRA TALHADA


Serra Talhada vai ser invadida por cangaceiros! Nos dias 02, 03, 04 e 05 de junho/11 acontecerá o ENCONTRO NORDESTINO DE XAXADO, que além dos espetáculos de xaxado mostrará também outras linguagens artisticas como: Mostra de Cinema, Feira de Literatura de Cordel e Oficinas.
O evento terá também o tradicional passeio NAS PEGADAS DE LAMPIÃO para o Sítio Passagem das Pedras, onde nasceu LAMPIÃO. Mais de vinte grupos culturais do Nordeste confirmaram presença.
O sertão vai estremecer e o grito será um só: Viva a Cultura Nordestina!

PARA SABER MAIS: 

FUNDAÇÃO CULTURAL CABRAS DE LAMPIÃO
Rua Virgolino Ferreira da Silva, 06 - COHAB
Serra Talhada - Pernambuco - CEP: 56.909-110
Tel: (87) 3831 3860 / 3831 2041 / 9918 5533 / 9938 6035
E-mail: cabrasdelampiao@gmail.com
www.cabrasdelampiao.com.br
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