Conheça á História do Lutador He-Man do Nordeste
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Nos anos 90 fez sucesso apresentando-se nas cidades do Nordeste o Circo do He-Man, protagonizado pelo paraguaio, naturalizado alagoano que desafiava a plateia para lutar num ringue improvisado, onde deveria ser um picadeiro.
O lutador Lenine Alves Baptista, mais conhecido como He-Man, o Gigante Loiro das Américas ou He-Man do Nordeste, que encantava o publico todas as noites com o circo lotado. Na época o programa Aqui Agora, do SBT, o repórter Roberto Bulhões fez três matérias com ele, lutando com mais de 30 pessoas e até com mulheres.
Surgido nas páginas dos quadrinhos norte-americanos, esse herói remonta os tempos dos castelos e lutas da mitologia nórdica. Porém o tipo circense, que passou pelas cidades do nordeste, na década de 90, nascera no Paraguai, filho de uma índia guarani com um pai cigano de origem soviética, de nome Lenine Alves Baptista.
Avistei-o de primeira vez quando ele, sentado no capuz de um velho Opala, circulava por Petrolândia, anunciando as sessões noturnas do circo que levava o seu nome, montado na orla da cidade.
Louro, meio calvo no início da cabeleira, deixava os cabelos grandes escorrerem para trás e cair aos ombros musculosos. Rosto anguloso e avermelhado, guardava no semblante algo da ingenuidade infantil, num ar que se somava a corpanzil bruto, longo, 1,80m de altura, 95kg, 57 anos de idade. Ali se escondia o lutador experiente e bravateiro dos sopapos da noite. Em trajes exíguos, calção de pele de animal, pés descalços, desfilava pelas quadras e centro da cidade à frente do séqüito de atores, convidando a população para o espetáculo onde desafiaria, num enfrentamento coletivo, turmas inteiras de adversários, todos de cada vez. Grupos de lutadores de academias e quadras aceitavam o confronto e punham-se no rinque, em prova de habilidade e força, no gênero de luta livre, vale tudo aos moldes das feiras medievais e arenas greco-romanas.
De comum, saíam diversos carretos aos hospitais, a cada apresentação. Eram adversários de ossos quebrados, machucados, cheios de escoriações, hematomas, luxações... Segundo consta, no que restou da memória desse tempo, ambulância até permanecia lá fora, de plantão para atender à demanda em consequência das pegadas do gigante louro das Américas; é pau, é porrada, é madeira de dar em doido, bradado aos quatro ventos no som do carro votante, nos fins de tarde, diante dos olhos atentos de crianças e adultos.
O que causou maior impressão naquela figura, fruto da mitologia pop do He-Man dos anos 90, redivivo no mundo interiorano, foi a coragem de afrontar pelotões e mais pelotões de oponentes num tempo só, sem, contudo, sofrer qualquer revés durante o período em que permanecera nos ringues.
As lutas eram acompanhadas por bom público entusiasmado e fiel, cujos gritos de longe se ouviam, das casas cheias, e não faltava quem registrasse em vídeo o desenrolar das cenas, para oferecer, em fitas VHS, através dos vendedores ambulantes nas calçadas do comércio central, no dia seguinte.
Esses dias, vasculhando a internet a procura de saber o paradeiro do He-Man nordestino, nossa reportagem se deparou com a triste noticia de sua morte. He-Man foi covardemente assassinado pelo sogro, na cidade de Ouricuri, em Pernambuco, em janeiro de 2009. Segundo conseguimos apurar, He-Man chegou à cidade de Ouricuri no dia 26 de dezembro de 2008 para visitar os filhos que residem com a mãe, Aparecida (Cida).
O assassino de He-Man, segundo a polícia pernambucana, é seu sogro Manoel Lacerda da Silva, que deu 5 tiros na vitima, todos pelas costas. Após o primeiro disparo, que atingiu a cabeça, He-Man ainda tentou fugir, mas levou outros quatro.
Forte, como todos os grandes lutadores, o gigante ainda correu até o lote vizinho e caiu. Foi levado consciente ao hospital do município e logo depois transferido para Petrolina, onde ficou hospitalizado até o dia 08 de janeiro de 2009, quando veio a óbito. Seu sepultamento aconteceu no dia 11, na cidade de Sobradinho, no Distrito Federal, onde vive sua outra família.