quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011
segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011
MIRELA SOANE ESCREVE SOBRE MARIA BONITA: A marca de uma sertaneja
Ícone feminino do Cangaço, Maria Bonita completa centenário de nascimento em 8 de março, data em que se comemora o Dia Internacional da Mulher. A jovem ousada, que rompeu preconceitos e tradições para ingressar no bando de Cangaceiros como companheira do líder Virgulino Ferreira da Silva (Lampião), hoje é sinônimo de sofisticação. Maria Bonita empresta seu nome para grifes famosas, hoteis, SPA’s, clínicas de estética e salões de beleza. Maria Bonita virou marca.
“Isso se deve ao fato dela ter sido uma sertaneja de porte fino, elegante e a ideia que se tinha de um sertanejo era de uma figura relaxada com a aparência. Os cangaceiros gostavam de se embelezar e isso desperta a atenção das pessoas já há algum tempo. Zuzu Angel, por exemplo, abordou a temática Cangaço no seu desfile de 1969, em Nova York”, relata Vera Ferreira, neta de Lampião e Maria Bonita.
Na moda, talvez, Maria Bonita tem sua mais conceituada representante desde 1975, quando Maria Cândida Sarmento e Malba Pimentel de Paiva criaram a grife que leva o nome da cangaceira. O objetivo da dupla era atender às mulheres modernas que desejavam uma marca forte, à frente de seu tempo; vesti-las com estilo e elegância, sem condicioná-las a padrões de mercado.
Em 1990, as empresárias criaram a Maria Bonita Extra com a proposta de apresentar peças jovens e girlie. Hoje, as marcas são sinônimo de bom acabamento, despojamento e refinamento, além de serem consideradas “escolas da moda” devido a quantidade de renomados profissionais que passaram pela grife como Isabela Capeto, Antonia Bernardes, Maria Fernanda Lucena e Naná Paranaguá.
A Maria Bonita tornou-se referência no mundo fashionista e participa ativamente dos principais desfiles de moda do país. Recife conta com uma unidade da versão jovem da marca, que, assim como a pioneira, também pode ser encontrada em cidades como Rio de Janeiro, São Paulo, Campinas, Belo Horizonte, Ribeirão Preto, Porto Alegre.
Segundo a jornalista e pesquisadora sobre Cangaço há 15 anos, Wanessa Campos, a companheira de Lampião era um exemplo de beleza para a época. “Baixinha, de pernas grossas roliças, seios pequenos, cabelos finos e olhos claros”, afirma Campos, baseada nos estudos e entrevistas realizadas para a produção de um livro que será dedicado a história da rainha do Cangaço.
“Certamente será algo inédito, já que muitas obras retratam Maria Bonita apenas como coadjuvante. No meu livro, ela será a personagem principal. O trabalho é difícil, mas prazeroso. Tenho viajado muito por cidades de Sergipe e da Bahia conversando com historiadores, ex-volantes e familiares dos Reis do Cangaço, como Expedita (filha) e Vera (neta)”, revela.
Maria Bonita foi a primeira mulher a entrar para o Cangaço. A partir daí, outros integrantes passaram a agregar as companheiras ao bando. Para o historiador e pesquisador, Frederico Pernambucano de Mello, outras duas situações propiciaram a entrada das mulheres no Cangaço: a proximidade do grupo do Baixo São Francisco, possibilitando uma melhor higiene pessoal devido a abundância de água; e o fato de Lampião ter se deparado com a Coluna Prestes e percebido que a presença de mulheres entre eles não influenciava no desempenho dos combatentes.
Maria possibilitou a entrada de mais 40 mulheres no Cangaço, agregando melhores hábitos de higiene e mudanças nas vestimentas. “Dadá, companheira de Corisco, era a responsável pelos desenhos das roupas. Nas cidades que percorriam, os cangaceiros já tinham suas costureiras e periodicamente levavam os desenhos e os tecidos para que as roupas fossem feitas”, afirma Campos.
Por outro lado, Mello garante que as roupas encomendadas eram exceção à rotina dos cangaceiros. Ele afirma que todas as vestimentas, tanto em tecido como em couro, eram feitas no leito do próprio grupo. “A maioria dos cangaceiros sabia costurar e bordar. Apenas quando não tinham tempo disponível, as encomendas eram feitas. Inclusive, Dadá não tinha liderança nenhuma para ditar moda”, garante.
Segundo o historiador e autor do livro “Estrelas de Couro – A Estética do Cangaço”, Lampião bordava de maneira exímia e tinha habilidade na costura do couro e do tecido. “O bordado de Lampião era melhor do que o de Maria Bonita. O bando possuía uma máquina de costura portátil, inclusive registrada em várias fotos, sendo utilizada tanto por Lampião como por outros cangaceiros”, afirma.
Mello relata que em conversa com o cangaceiro conhecido por Candieiro, ele garantiu que Lampião tinha desenvoltura com a costura. “Candieiro contou-me que Lampião fez um jogo de bornais para ele. O rei do Cangaço teria colocado um papel sobre a coxa, desenhado flores e posteriormente bordado a peça na máquina para presentear o colega”.
Já Ferreira afirma que o avô não tinha apreço por costurar. “Falam que Lampião gostava muito de costurar. Ele realmente era muito habilidoso com o couro, mas esta é uma habilidade característica dos vaqueiros, dos sertanejos de maneira geral. Por vezes eles precisavam fazer reparos nas roupas rasgadas pela vegetação seca do sertão”, explica Ferreira.
Embora existam discordâncias quanto aos “responsáveis” pela moda do Cangaço, não se pode negar o curioso. Homens e mulheres vistos como salteadores sanguinários usavam bornais bordados com flores coloridas ou desenhos simétricos, cantis decorados, perneiras de couro com ilhoses e fivelas, chapeus com bordados de estrelas, lenços de seda e tafetá envoltos no pescoço. “Talvez isso tudo venha da alma colorida do brasileiro”, comenta Mello.
De Maria Bonita, hoje, restam dois vestidos que retratam bem a maneira das cangaceiras se vestirem. O chamado vestido de batalha (não no sentido de luta, mas de cotidiano; dia a dia) que faz parte do acervo de Mello é feito em brim grosso, cor de goiaba, enfeitado com galões e com os punhos revestidos em vermelho. O segundo está no Museu Histórico Nacional, no Rio de Janeiro. O modelo cinza, com riscas de giz e enfeitado com sinhaninha vermelha era mais utilizado aos domingos ou em comemorações especiais.
No bando, as mulheres desempenhavam o papel de companheiras e não tinham, por exemplo, a obrigação de cozinhar. Esta tarefa ficava mais com os homens. A presença do feminino também passava segurança para as pessoas que se deparavam com os cangaceiros. Por vezes Maria Bonita evitou a morte de crianças e idosos. “Além disso, os crimes contra os costumes, como o estupro, também diminuíram”, afirma Mello.
Outro mito é a participação feminina nos combates. As mulheres eram treinadas e aprendiam a atirar apenas para uma possível necessidade de defesa. Elas não participavam ativamente dos tiroteios, exceto Dadá quando substituiu o marido que teve os braços feridos em batalha.
Para Ferreira, o imaginário popular acerca da personalidade de Maria Bonita se confunde com a realidade. “Pouca gente sabe que de brava ela não tinha nada. Minha avó era uma moleca, bem humorada e fazia brincadeira com todo mundo. Ela era amiga, agradável, carinhosa, generosa e cuidava bem das pessoas”, revela. Campos reforça o argumento sobre as lendas que permeiam o universo do Cangaço: “Lampião não inventou o Cangaço, mas foi o cangaceiro mais conhecido. Nem tampouco inventou o Xaxado, mas foi seu grande divulgador”.
O desejo de ser mãe – inerente à maioria das mulheres – também estava presente entre as cangaceiras, embora o estilo de vida do bando não lhes dessem condições de permanecer com os filhos. “Diziam que as mulheres eram muito crueis porque abandonavam seus filhos. Mas, na verdade, elas faziam isso porque não tinham escolha. Se ficassem com a criança, o choro entregaria a localização do grupo; e se retornassem para seus lares certamente seriam entregues e mortas pelas autoridades”, argumenta Campos.
A companheira de Lampião teve quatro gestações, mas apenas a última delas vingou. O bebê recebeu o nome de Expedita e passou somente 21 dias na companhia da mãe até ser entregue para ser criada por um casal que já dispunha de 11 filhos. A criança sabia sua verdadeira origem e poucas vezes encontrou com os pais que a visitavam sempre que podiam. “Os bebês das mulheres do Cangaço eram entregues a pessoas de confiança, padres, fazendeiros, vaqueiros, autoridades e até mesmo policiais”, conta Ferreira.
O romance de Maria Bonita e Lampião durou nove anos. No dia 28 de julho de 1938, na Grota do Angico, na margem sergipana do Rio São Francisco, o bando de Lampião foi atacado de surpresa por soldados da polícia alagoana. No combate, entre os onze mortos estavam os reis do Cangaço.
domingo, 20 de fevereiro de 2011
domingo, 13 de fevereiro de 2011
REPENTE NO YOU TUBE: LOURO BRANCO E VALDIR TELES
MOTE: É MELHOR MATAR DE FACA / DO QUE MATAR DESSE JEITO.
UM POEMA DE CANCÃO
Sonho de Sabiá
Um sabiá diligente / Voou pela vastidão
Mas por inexperiente / Caiu em um alçapão.
Depois de aprisionado / Ficou mais martirizado
Pensando no seu filhinho. / Implume sem alimento
Exposto a chuva e ao vento / Sem poder sair do ninho.
Deram-lhe por seu abrigo / Uma pequena gaiola
Num casebre de um mendigo / Que só comia de esmola.
Só vivia cochilando / Com certeza imaginando
Sua liberdade santa./ Ia cantar não podia
Que a sua voz se perdia / Logo ao sair da garganta.
Tornou-se a pena cinzenta / No rigor do seu castigo
Na saleta fumarenta / Da casa do tal mendigo.
Triste sempre arrepiado / Neste viver desolado
Ia um mês. vinha outro mês,/ Assim completou um ano
Sentindo seu desengano / Nunca cantou uma vez.
Depois uma tarde inteira / O pobre do passarinho
Sonhou que ia à palmeira / Onde tinha feito o ninho.
Olhava em frente às campinas / Via por traz das colinas
A natureza sorrindo. / Ao sentir a liberdade
Pensou ser realidade/ Sem saber cantou dormindo.
Depois sonhou que voltava / A terra dos braunais
Por onde sempre cantava / Junto aos outros sabiás.
Voava nas ribanceiras / Pousava nas laranjeiras
Olhando o clarão do dia. / Voava através do monte
Voltava a beber na fonte /Que todas manhãs bebia.
No sonho via as favelas / Criadas nos carrascais
Voou baixo, pousou nelas, / Cantou os seus madrigais
Voltou, colheu os orvalhos, / Que gotejavam dos galhos
Dos frondosos jiquiris. / Alegre abria a plumagem
Pra receber a bafagem / Das manhãs do seu país.
Foi a terra dos palmares / Atravessou toda flora
Voou por todos lugares / Que tinha voado outrora.
Passou pelos mangueirais / Entre outros sabiás
Cantou sonora canção. / O seu som melodioso
Estava mais pesaroso/ Devido a sua emoção.
Viu a vinda do inverno/ Nos quadrantes da paisagem
Ouviu o sussurro terno / Do bulício da folhagem.
Cantou todo arrebol / O brilho morno do sol
Morrendo nos altos cumes. / Sentia quando cantava
Que seu coração chorava / Com mais tristeza e queixumes.
Sonhou catando sementes / Num campo vasto e risonho
Se sentia tão contente / Que sonhou que fosse um sonho.
Olhava pra vastidão / Tocava em seu coração
Um regozijo profundo / Todas delícias sentia
Às vezes lhe parecia / Vivendo fora do mundo.
Voou por entre os verdores / Atravessou as searas
Cantou pelos resplendores / Das manhãs frescas e claras.
Passou pelo campo vago / Bebeu das águas do lago
Posou sobre os arvoredos. / Entrou pelo bosque escuro
Aí sonhou um futuro / Tão triste que teve medo.
Depois sonhou que estava / Trancado em uma gaiola
Ouvindo alguém que cantava / Na porta pedindo esmola.
Ao despertar de momento / Reparou seu aposento
Ouviu falar o mendigo. / Fechou os olhos pensando
Sentiu seu íntimo chorando / No rigor do seu castigo.
Ainda em vão procurava / Sair daquela prisão
Seu olhar denunciava / Piedade e compaixão.
Ao pensar na liberdade / A mais pungente saudade
Devorava o peito seu / Assim o cantor da mata
Ferido da sorte ingrata / No outro dia morreu.
-
Sobre o poeta CANCÃO
Um sabiá diligente / Voou pela vastidão
Mas por inexperiente / Caiu em um alçapão.
Depois de aprisionado / Ficou mais martirizado
Pensando no seu filhinho. / Implume sem alimento
Exposto a chuva e ao vento / Sem poder sair do ninho.
Deram-lhe por seu abrigo / Uma pequena gaiola
Num casebre de um mendigo / Que só comia de esmola.
Só vivia cochilando / Com certeza imaginando
Sua liberdade santa./ Ia cantar não podia
Que a sua voz se perdia / Logo ao sair da garganta.
Tornou-se a pena cinzenta / No rigor do seu castigo
Na saleta fumarenta / Da casa do tal mendigo.
Triste sempre arrepiado / Neste viver desolado
Ia um mês. vinha outro mês,/ Assim completou um ano
Sentindo seu desengano / Nunca cantou uma vez.
Depois uma tarde inteira / O pobre do passarinho
Sonhou que ia à palmeira / Onde tinha feito o ninho.
Olhava em frente às campinas / Via por traz das colinas
A natureza sorrindo. / Ao sentir a liberdade
Pensou ser realidade/ Sem saber cantou dormindo.
Depois sonhou que voltava / A terra dos braunais
Por onde sempre cantava / Junto aos outros sabiás.
Voava nas ribanceiras / Pousava nas laranjeiras
Olhando o clarão do dia. / Voava através do monte
Voltava a beber na fonte /Que todas manhãs bebia.
No sonho via as favelas / Criadas nos carrascais
Voou baixo, pousou nelas, / Cantou os seus madrigais
Voltou, colheu os orvalhos, / Que gotejavam dos galhos
Dos frondosos jiquiris. / Alegre abria a plumagem
Pra receber a bafagem / Das manhãs do seu país.
Foi a terra dos palmares / Atravessou toda flora
Voou por todos lugares / Que tinha voado outrora.
Passou pelos mangueirais / Entre outros sabiás
Cantou sonora canção. / O seu som melodioso
Estava mais pesaroso/ Devido a sua emoção.
Viu a vinda do inverno/ Nos quadrantes da paisagem
Ouviu o sussurro terno / Do bulício da folhagem.
Cantou todo arrebol / O brilho morno do sol
Morrendo nos altos cumes. / Sentia quando cantava
Que seu coração chorava / Com mais tristeza e queixumes.
Sonhou catando sementes / Num campo vasto e risonho
Se sentia tão contente / Que sonhou que fosse um sonho.
Olhava pra vastidão / Tocava em seu coração
Um regozijo profundo / Todas delícias sentia
Às vezes lhe parecia / Vivendo fora do mundo.
Voou por entre os verdores / Atravessou as searas
Cantou pelos resplendores / Das manhãs frescas e claras.
Passou pelo campo vago / Bebeu das águas do lago
Posou sobre os arvoredos. / Entrou pelo bosque escuro
Aí sonhou um futuro / Tão triste que teve medo.
Depois sonhou que estava / Trancado em uma gaiola
Ouvindo alguém que cantava / Na porta pedindo esmola.
Ao despertar de momento / Reparou seu aposento
Ouviu falar o mendigo. / Fechou os olhos pensando
Sentiu seu íntimo chorando / No rigor do seu castigo.
Ainda em vão procurava / Sair daquela prisão
Seu olhar denunciava / Piedade e compaixão.
Ao pensar na liberdade / A mais pungente saudade
Devorava o peito seu / Assim o cantor da mata
Ferido da sorte ingrata / No outro dia morreu.
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Sobre o poeta CANCÃO
Fonte: São José do Egito Online
João Batista de Siqueira, poeta mais conhecido por Cancão, nasceu em São José do Egito, a 12/05/1912. Em 1950, deixou de participar de cantorias de viola e dedicou-se apenas à poesia escrita. Sua obra já foi classificada pelos críticos como uma versão popular à poesia de poetas românticos como Castro Alves, Fagundes Varela ou Cassimiro de Abreu. Freqüentou a escola por pouco tempo ("não cheguei ao segundo livro" dizia ele) e foi, também, Oficial de Justiça em sua cidade, onde morreu dia 05/07/1982.
Livros publicados: "Meu Lugarejo”, Gráfico Editora Nunes Ltda, Recife, 1978; "Musa Sertaneja" e "Flores do Pajeú". Folhetos de Cordel de sua autoria: "Fenômeno da Noite", "Mundo das Trevas", "Só Deus é Quem Tem Poder".
Fundarpe lança edital para espetáculos da Paixão de Cristo 2011
fonte: Assessoria da Fundarpe
Em seu terceiro ano consecutivo a Fundarpe lança o edital Pernambuco de Todas as Paixões, para selecionar e fomentar espetáculos que encenam a Paixão de Cristo durante a Semana Santa.
Entre os objetivos, está o incentivo da cultura religiosa do povo pernambucano, a promoção, melhoria e manutenção desses espetáculos, além do fortalecimento do turismo local. Para isso, o Governo do Estado está destinando R$ 300 mil à 15 propostas mais bem avaliadas, segundo critérios definidos no edital, publicado no dia 26 de janeiro. As inscrições vão de 03 de fevereiro a 04 de março. CLIQUE AQUI para mais informações e para baixar o EDITAL.
quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011
CARTA DE SUSTENTABILIDADE DOS PONTOS DE CULTURA
Fonte: Comissão Nacional de Pontos de Cultura - CNPdC
Pontão de Articulação da Comissão Nacional de Pontos de Cultura
e-mail: pontaocnpdc@gmail.com
CARTA DE PIRENÓPOLIS
COMISSÃO NACIONAL DOS PONTOS DE CULTURA
Pontão de Articulação da Comissão Nacional de Pontos de Cultura
e-mail: pontaocnpdc@gmail.com
CARTA DE PIRENÓPOLIS
COMISSÃO NACIONAL DOS PONTOS DE CULTURA
Nós, trabalhador@s da cultura, podemos finalmente celebrar, depois de séculos de completo descaso, o nosso reconhecimento como sujeitos de direitos para potencializar nossos saberes e fazeres.
O governo do Presidente Lula plantou muitos sonhos, mas temos colhido consideráveis desilusões. A rede de pontos de cultura precisa abrir os olhos e sensibilizar as autoridades públicas, assim como aqueles que acreditaram em nossos trabalhos, para que possamos nos re-encantar neste novo governo da Presidenta Dilma.
É chegado o momento de acabar com a intolerância e, através de investimentos em ações culturais, viabilizar condições indispensáveis para o aprofundamento da democracia no Brasil, como o acesso aos bens, meios e ferramentas de reflexão e produção cultural, o fortalecimento da educação e da inclusão social, a democratização da comunicação, entre tantas outras ações que alimentam a cidadania e os direitos humanos no Brasil.
Dessa forma, nós, membros da Comissão Nacional dos Pontos de Cultura (CNPdC), vimos a público nos manifestar sobre a conjuntura política e suas conseqüências para a política cultural brasileira. Não merecemos ser tratados como mero programa de repasse de recursos, muito menos como mercadoria ou instrumento de manipulação eletiva. A partir da Declaração Universal dos Direitos Humanos, incorporou-se a cultura à política institucional e à cidadania e aos direitos culturais e, em 2002, a UNESCO promulgou a Declaração Universal sobre a Diversidade Cultural e sua defesa como "um imperativo ético inseparável do respeito à dignidade da pessoa humana". Porém, mesmo assim, o Brasil precisa avançar muito nos seus investimentos no setor cultural bem como garantir a aprovação imediata da Lei Cultura Viva, da Lei Griô, da PEC 150, do Vale Cultura e do Fundo Cultural do Pré-sal.
A eleição da Presidenta Dilma, nos traz grande esperança da continuidade e consolidação destes Programas. Após 8 anos de Governo Lula, podemos dizer que diversos avanços sociais, econômicos e culturais foram alcançados com destacado reconhecimento nas comunidades abrangidas. Do ponto de vista cultural, apesar dos inúmeros avanços instituídos pelo MinC, ainda enfrentamos o desafio de garantir as Leis Sociais dos Programas Mais Cultura e Programa Cultura Viva e a modernização do Marco jurídico legal da cultura, bem como tornar a cultura tema prioritário na agenda nacional. A pauta das eleições de 2010 comprova o descrédito. A conjuntura atual atrofia a responsabilidade do MinC nos processos de conveniamentos estaduais e municipais ao mesmo tempo em que inviabiliza os CNPJs das associações civis desprovidas de adequada orientação jurídica.
Mesmo tendo beneficiado mais de 8 milhões de pessoas pela Rede Nacional dos Pontos de Cultura, pouco se fez para melhorar o Marco Legal para a gestão de convênios de Pontos de Cultura regulado pela Lei 8.666/1993, pela Portaria interministerial - Inciso II § 2° art. 50 n° 127/2008, Portaria Interministerial nº 342/2008 de 5/11/2008 e IN/STN n° 01 de Comissão Nacional de Pontos de Cultura - CNPdC 15/01/1997, que até 2010, tratou a cultura popular com a mesma rigidez que se trata as grandes obras de infra-estrutura do PAC.
Mas por que a cultura ainda é marginalizada no Brasil? Será porque ela não é capaz de eleger seus representantes nas eleições? Talvez. O que importa é que com direito humano não se brinca. Se quem produz cultura é a sociedade e cabe aos governos identificar e fomentar tais iniciativas, jamais tal temática poderia ser negligenciada ou mesmo utilizada como moeda de troca numa transição governamental.
Mesmo com todos os avanços nesses últimos anos, o quadro brasileiro de exclusão cultural é assustador. Cerca de 90% da população brasileira nunca entrou num teatro; lê-se, em média, 4,7 livros por ano; somente 10% dos municípios possui um local dedicado à cultura; 92% dos brasileiros não costuma ir a museus; 80% nunca assistiu a um espetáculo de dança e apenas 13% da população vai ao cinema (IBGE, 2008).
Sendo assim, aos 28 dias do mês de novembro do ano de 2010, no coração do Brasil, no alto do Planalto Central, na histórica, bucólica e hospitaleira cidade de Pirenópolis, a Comissão Nacional dos Pontos de Cultura (CNPdC), após 3 dias de intensos debates sobre o futuro dos Pontos de Cultura, encaminha a CARTA de Sustentabilidade dos Pontos de Cultura, dos Programas Mais Cultura e Cultura Viva que desescondeu o Brasil profundo, promoveu cidadania, inclusão, geração de renda e o aumento da qualidade de vida de milhares de atores e fazedores da Cultura Popular, reconhecendo o protagonismo de seu saber e fazer cultural. Seguem abaixo as principais proposições de melhorias para a gestão cultural do Ministério da Cultura e no Brasil:
QUESTÕES BUROCRÁTICAS
- Que o MinC disponibilize para a CNPdC a lista com a situação dos Pontos com pendências em prestação de contas, e juntos, busquemos contribuir com a regularização da situação desses Pontos. Para tanto, solicitamos a presença de técnicos do MinC nos estados, e nos casos necessários inicie processo de anistia fiscal e tributária para os Pontos aos quais a medida se faça necessária.
- Que o MinC assuma nas instâncias oficiais o compromisso de pagar os editais já aprovados em 2010 e dos Pontões de 2007 e 2009 e todos os editais do Programa Mais Cultura e Cultura Viva que já em andamentos se fizerem.
QUESTÕES DE REGULAÇÃO/LEGISLAÇÃO
Concentrar esforços para o estabelecimento de um novo Marco Regulatório para reger as relações entre o Estado e as entidades da sociedade civil. Consolidação da Lei Social da Cultura Viva para torná-la uma Política Pública de Estado.
1 - Aprovação da Lei Cultura Viva pelo Congresso Nacional e consolidação dos Pontos de Cultura como política pública de Estado;
2 - Aprovação da Lei Griô pelo Congresso Nacional;
3 - Garantia de um Marco Regulatório que favoreça tratamento diferenciado para desiguais; Que o novo governo eleito com o apoio consistente do Movimento Nacional dos Pontos de Cultura se comprometa a garantir os recursos necessários à manutenção do desenvolvimento permanente do Programa Cultura Viva - Pontos de Cultura. Revisão sobre a forma como vem sendo tratada a implantação do Programa Mais Cultura
nos estados da Federação.
4 - Aprovação da PEC 150 pelo Congresso Nacional;
5 - Aprovação do Fundo Cultural do Pré-sal, a PEC 236;
6 - Aprovação do Vale Cultura pelo Congresso Nacional
7 - Apoio e incentivo à modernização da Lei de Direito Autoral;
QUESTÕES ORGANIZATIVAS
1 - Fazer da TEIA dos Pontos de Cultura um processo pedagógico de formação política de Agentes Culturais para a transformação Social;
2 - Garantir que a TEIA Nacional e o Fórum Nacional aconteçam semente após TEIAs Regionais e/ou Estaduais e que essas por sua vez aconteçam acompanhadas do processo de cadastro único dos Pontos de Cultura e de uma consulta pública sobre o Marco Regulatório da Lei Cultura Viva dos Pontos de Cultura e toda a sua diversidade;
3- Garantir recursos para o Encontro Nacional da Ação Griô.
QUESTÕES GERAIS
1 -Garantir Pontos de Cultura em todos os municípios do Brasil;
2 -Fazer com que as formas e expressões culturais do povo brasileiro contribuam como instrumento de aproximação dos povos latino-americanos;
4 -Criar espaços para o livre desenvolvimento das diversidades culturais;
5 -Promover Ações para contribuir na consolidação do Movimento Social dos Pontos de Cultura.
QUESTÕES ESPECÍFICAS
1 - Através das políticas públicas de cultura, gerar ferramentas de acesso aos brasileir@s
de matriz africana, indígenas, ciganos, entre outros;
2 - Resgatar oralmente a cultura ancestral a partir do relato dos velhos mestres e Griôs;
3 - Ampliar as ações de Cultura Digital para democratização de acesso aos meios e processos da comunicação virtual para ampliação do conceito e prática colaborativa do software livre e universalização da banda larga em caráter público;
4 - Criar mecanismos para romper o gargalo da comunicação midiática a serviço do show biz;
5- Fortalecer os movimentos de Cultura da Paz;
6 - Compreender as questões de gêneros, orientação afetivo e de orientação sexual, geração, raça, etnia, classe, como políticas estruturantes para uma nova sociedade.
7. Elaboração de políticas públicas que levem em conta a complementaridade da comunicação e da cultura;
8 - Garantir a presença dos Pontos de Cultura nos mais diversos conselhos e instâncias de participação social nas políticas públicas;
9 - Todas essas solicitações da CNPdC devem ser assumidas pela gestão atual da SCC e MINC e não deixadas na mão da próxima administração.
10- Assumir o custo amazônico como uma realidade e promovê-lo como uma política necessária e afirmativa na execução de políticas públicas setoriais de cultura, tais como Programa Cultura Viva e Programa Mais Cultura
11 - Garantir a preservação dos saberes e fazeres orais dos mestres griôs para a posteridade através de suporte audiovisual e impresso.
12 - Que o MinC proponha ao MEC maneiras diferenciadas de acesso à Universidade de mestres, griôs e agentes culturais que trabalhem diretamente em Pontos de Cultura, e reconhecendo o seu notório saber, como contrapartida, os ingressos realizarão oficinas em parceria com entidades e coletivos que trabalhem na academia para a comunidade acadêmica. O acesso pode se dar por meio de proposta de dissertação a ser apresentada e com foco na ocupação das vagas ociosas das Instituições Públicas de Ensino Superior.
13- Garantir um encontro entre o MEC, MINC e Pontos de Cultura para desenvolver trabalhos em parceria com Escolas Públicas no intuito de avaliar e aprimorar os Programas: Mais Educação, Escola Aberta, Escola Viva e Agente Escola Viva
São signatários desta CARTA DE PIRENÓPOLIS artistas de todas as formas de expressão artística, Gestores Culturais de todos os 27 Estados brasileiros e 25 GTs Temáticos que trabalham para a redução das desigualdades sociais, representando mais de 3000 Pontos de Cultura, que afetam mais de 8.000.000 de brasileiros, segundo dados do IPEA/2010.
Pirenópolis, 28 de novembro de 2010
Comissão Nacional de Pontos de Cultura
HOJE É DIA DO FREVO!
Arte: Bajado
Frevo de palco - Luiz Guimarães Gomes de Sá
Neste 9 de fevereiro, o frevo tem seu aniversário mais uma vez comemorado. Nas suas modalidades ele é um velho centenário, mas também um jovem revolucionário. Como nos gêneros bloco e canção há intérpretes vocais, onde temos a participação do povo. Já no de rua, a própria orquestra é a intérprete e bem que poderia ser o foco das atenções por esse gênero ser meramente instrumental.
Contudo, quando o frevo de rua é executado, regra geral, o povo dança ou os passistas assumem a cena no palco e a orquestra não aparece com sua exuberância. Há décadas, Felinho inovou em Vassourinhas dando-lhe um brilho todo especial, aliás, a beleza desse frevo está nos improvisos e, salvo engano, somente Vassourinha tem essa inovação. Se algum outro existe dessa forma, é caso isolado.
A Spokfrevo Orquestra estendeu esse horizonte e fez os músicos saírem do anonimato para torná-los elementos principais em cima de um palco enriquecendo o frevo com improvisos. Resgatou assim, aquilo que Felinho fez há tanto tempo e ainda hoje é enaltecido.
Assistir ao desempenho da orquestra é como degustar um bom vinho, onde cada gole corresponde aos compassos céleres que evidenciam a qualidade dos músicos. Isso é o que podemos chamar de frevo de palco, segundo Zé da Flauta.
Dentre as dezenas de apresentações que a SpokFrevo Orquestra já realizou no exterior, um dos destaques foi no North Sea Jazz, maior festival do gênero da Europa, que acontece anualmente em Rotterdam (Holanda), onde em 2010 a orquestra abriu o show de Stevie Wonder e foi aplaudida de pé por mais de quinze mil pessoas. Participaram ainda do encontro: Toninho Ferragutti, Nonato Luiz, Gilberto Gil, Caetano Veloso, Romero Lubambo, Chick Corea, Herbie Hankoc, Ornette Coleman, Dee Dee Bridgewater, Al Green, entre outros.
Vale ressaltar que todos assistiram ao espetáculo sem fazer o passo, atentos e em silêncio com seus olhares fixos de perplexidade pelo desempenho da orquestra, intervindo somente para os aplausos merecidos e entusiasmados.
Assim, em qualquer estilo o frevo invade a nossa mente, é absorvido pelo nosso corpo e caminha sempre para o abrigo único e seguro: o coração do povo!
Arte: Lula Cardoso Ayres
Rinaldo Almeida
A todos os amigos:
Amantes da cultura pernambucana, os que ainda não aprenderam a ser amantes ( quem sabe por não conhecê-la), os que ainda não a conhecem pois estão mais distantes.
Dia 09 DE FEVEREIRO É O DIA DO FREVO.
Frevo, expressão maior que nascia no meio das camadas sociais menos favorecidas: o proletariado.
Negros escravos, cidadão pobre de uma forma geral, etc.
Em meados so seculo XIX ate o final, as bandas de musicas em seus passeios pelas ruas do Recife, executavam seus dobrados, maxixes, polcas etc., ritmos tão em voga na época.
E os negros escravos, as vezes, fugidios, dançavam com suas gingas, molejos, malandragem, à frente dessas bandas de musicas.
Daí estava marcando O NASCIMENTO DE UM RITMO GENUINAMENTE PERNAMBUCANO, em que a musica e a dança se entrelaçavam, sem saber que estavam alicerçando um novo ritmo
E o frevo foi ganhando as ruas.
As primeiras agremiações foram surgindo, as Pás de Carvão, depois Pás Douradas, o Vassourinhas, os Lenhadores, os Toureiros, agremiações ligadas as organizações operárias. Pás de Carvão, carvoeiros; Vassourinhas, os varredores das ruas; Lenhadores, cortadores de lenhas e por ai vai.
No inicio do seculo XX , o frevo começava a ganhar outros segmentos sociais, e depois foi para os salões dos clubes
A classe media começou a adotá-lo
Mas apenas os homens brincavam nas ruas
Quando finalmente no início da década de 20, século XX, com influencia das jornadas dos pastoris, dos saraus, surgem os blocos do Recife, com penetração na classe media, trazendo o elemento feminino para as ruas, com organizações familiares, onde os rapazes tocavam nas orquestras e as moças formavam o coral.
Daí na década de 30, o frevo recebe uma classificação de:
Frevo de rua: frevo totalmente orquestrado com metais
Frevo canção: frevo cantado e com variações de orquestras
Frevo de bloco: este com suas origens nas jornadas de pastoris, saraus. Composto de um coral feminino e onde os homens participavam fazendo cordões.
Suas letras evocavam sentimentos, emoções, saudades, amores, etc..
Teve grande penetração na classe média, e muitos foram os blocos que saíram as ruas na década de 1920 e 1930, citando alguns deles: Bloco das Flores, Andaluzas, Pirilampos de Tejipió, Camponeses, Apois Fum, Um dia Só, Flor da Magnólia etc. etc.
Esta síntese nos leva a este grande fato e momento da historia social do Recife, que tem ligação com seu carnaval, festa que nos seus primórdios, teve o entrudo com uma das suas grandes brincadeiras, sem nos esquecermos da Comedia Del Arte Italiana, com seus Pierrôts, Colombinas e Arlequins.
Por tudo isso, queremos homenagear este autentico ritmo que nasceu nas ruas históricas do Recife e que Hoje é PATRIMÔNIO IMATERIAL BRASILEIRO.
SALVE O FREVO IMORTAL!
IMORTAL!
SALVE O DIA 09 DE FEVEREIRO, DIA DO BATISMO DO FREVO
UM GRANDE ABRAÇO A TODOS VOCES
E VAMOS FESTEJAR e DANÇAR
E ENVIO ANEXO TRES MUSICAS QUE REPRESENTAM OS TIPOS DE FREVO, SEJA, FREVO DE RUA, FREVO DE BLOCO E FREVO CANÇAO
CURTAM E DANÇEM.
PARA OS QUE ESTAO LONGE POUCO IMPORTA, FESTEJE TAMBEM A SUA MANEIRA, CONHECENDO ESTA GRANDE RIQUEZA BRASILEIRA
ABRAÇOS FREVOLENTOS PARA TODOS VOCES,
Por uma Cultura de Paz e Solidariedade!
[ textos recebidos por e-mail da ONG Cultural PASSOS DO CARNAVAL]
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