sábado, 16 de janeiro de 2016

Artista Negra Posa Nua em Antigos Pontos de Venda de Pessoas Escravizadas em Nova York


Nova York tem a fama de ser uma cidade rica, mas isso esconde uma forte história de mercado humano. Para sua série fotográfica, “Sapatos Brancos”, a artista Nona Faustine quis chamar atenção para essa história e seu legado histórico.
“Como uma viajante do tempo eu estou muito interessada no passado e no nosso futuro. Eles desejam tanto reconhecimento pelo seu sacrifício e contribuições, algo que lhes permanece negado. Existia uma força dentro de mim que precisava prestar uma homenagem àqueles que tiveram o papel principal na história dessa cidade, e os espaços onde existiram. Eu quis desvelar esses lugares onde uma ligação tangente ao passado continua a existir. Sendo uma documentarista de coração eu quis que vocês sentissem e vissem esses espaços, deixassem suas mentes vagar. O que um corpo Negro parece hoje em um espaço onde eles vendiam seres humanos há 250 anos atrás? Nenhum outro meio senão a fotografia e o audiovisual poderia fazê-lo.”

Embora a escravidão estadunidense ser sempre pintada como um legado sulista, foi uma parte integral da cultura e economia dos estados do norte também, incluindo Nova York.
“A escravidão foi introduzida em Manhattan (Nova Amsterdã, na época) em 1626 e, por dois séculos, continuou como uma parte significativa da vida em Nova York. De fato, o Conselho Municipal da Cidade de Nova York declarou a Wall Street como o primeiro mercado humano oficial da cidade em 13 de dezembro de 1711, determinando a rua como um espaço onde seres humanos poderiam ser escravizados pelo dia ou pela semana. O mercado humano era feito de madeira aberto dos lados, e mantinha aproximadamente 50 pessoas por vez. Era assim operado, na esquina da Wall Street com a Peral Street no coração do Distrito Financeiro, até 1762. A escravidão foi legalmente abolida em Nova York em 1827.”
O uso do corpo das mulheres por razões socio-políticas continua muito controverso, particularmente o da mulher negra. Mulheres negras recentemente protestaram marchando de topless durante a hora do rush em São Francisco para chamar a atenção para a brutalidade policial contra mulheres negras, um movimento que gera tanto admiração como crítica.

Como para Faustine, tirar suas roupas publicamente foi tanto libertador como desafiador.
“Meus olhos estavam bem abertos, e eu ainda estou lá e além. Meu corpo pulsa com adrenalina. Minha ansiedade está extremamente alta. Durante todo o dia você filtra as abstrações possíveis para que possa manter alguma compostura tanto para a câmera como para as pessoas, carros e ônibus que passam. Meus sentidos estão elevados. Sons em particular que me atento. Tenho essa sensação de estar sendo vista, por algo ou alguém que não está realmente lá às vezes. Estou completamente ciente da minha presença nesses lugares.”
A série fotográfica de Faustine foi inspirada em parte por Saartjie “Sarah” Baartman, conhecida como Vênus Hottentot; uma mulher africana Khoikhoi com nádegas lárgas e figura curvilínea que fora exibida em shows de horrores durante o século XIX na Europa.
Quanto aos sapatos brancos na série de Faustine, são uma representação “do patriarcado branco do qual não podemos escapar.”
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Texto original traduzido por Victoria Roriz, da página LGBT Headbangers Brasil

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