Fui moeda de troca por cachaças,
Que amargas, retinham minhas dores.
Fui vassala de servos e senhores,
Corrompida em becos e em praças.
Entre tapas, desdéns e ameaças,
Conheci nos porões das aventuras
Os carrascos das minhas desventuras
Num amor que nascia já perdido
O silêncio da noite é que tem sido
Testemunha das minhas amarguras
Solidão foi a minha companhia.
Do que fiz, do que fui não há saudade!
Que me vale lembrar, se a mocidade
Nem deu conta de mim como devia?
O desprezo é meu pão de cada dia,
Minhas páginas de vida tão escuras,
Que relendo, eu reporto as amarguras
De ilusões, de querer e não ter sido.
O silêncio da noite é que tem sido
Testemunha das minhas amarguras
Do blog de Lima Junior
Ilustração: xilogravura de Eduardo Trindade