ALUNO - Vini, tas escrevendo o quê?
VINI – Não
sei ainda, mas acho que algo sobre o retorno de Moisés.
ALUNO – O
que abriu o mar?
VINI – Sim.
ALUNO – E
ele, em seu retorno abrirá o quê?
VINI – O…
ALUNO –Vini...
Perguntar não ofende!
VINI – Fica
peixe! Acho que, no conto, ele voltará pra abrir os armários.
ALUNO – Aí
dento! Ele é quem vai ser crucificado dessa vez.
VINI–
Talvez, mas em compensação, abrirá uma coisa plausível.
ALUNO –Vini,
esquece isso! Por que você não escreve sobre…Talvez, algo como…Caim Formiga e
Abel Cigarra? - Não daria certo porque a Formiga mataria a Cigarra, né? Que tal...A nova higiene furuncular dos
jovens ”péla-pelos?”- Já sei! Escreve sobre alunos e professores contra o celular
em sala de aula é uma arma contra…Ninguém, né? Também não funciona porque o
aluno não é contra, né? Ah!’ Sódama
ou go, morra!’ (A história de uma
travesti). Não gostou de nada, não foi, Vini? E essa: “Eu falo”! A história da
metodologia das pesquisas linguísticas e literárias do jovem Brennand e o objeto
fálico?
VINI– Gostei
de: Eu Falo! A história de um cara que não deixava ninguém falar e se metia em
tudo!
ALUNO– Esse
cara por acaso sou eu, Vini?
VINI– Não!
Você não é assim, é?
ALUNO–
Agora, se você quiser escrever uma coisa mais paradoxal…Escreva sobre esse tal
de abre-mar abrindo um mar que não está pra peixe, que obviamente não fará sucesso algum.
VINI – Mas
eu acho que…
ALUNO – Por
que você não escreve sobre seus sentimentos atuais? Fale sobre o Sertão que
virou mar depois que você chegou nele. Você pode falar do mandacaru, da jurema
preta, da algaroba, da batata da raíz do umbuzeiro…
VINI– Já
seiiiiiii!
ALUNO– Sabe?
Não vai ser "O cara que abriu o mar", Vini?
VINI – Não.
Se intitulará: O aluno que transformava diálogo em monólogo.
ALUNO – Tendi!
Desculpe,Vini! É que adoro ouvir suas histórias e...
VINI - Ouvir
minhas histórias? Verdade! Kkkk relaxa! Vamos na casa de Biu da farmácia
comprar esparadrapo.
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Dah Vini
Natural de Recife-PE, é
Professor/ Agitador Cultural/ Artista Plástico