domingo, 3 de janeiro de 2016

Começa neste domingo o Festival Louro do Pajeú comemorando 101 anos de Louro e 60 anos de Zeto




O Festival pelos 101 anos de Louro do Pajeú e 60 anos de Zeto será realizado 
entre 3 e 6 de janeiro em São José do Egito, no Sertão de Pernambuco. 


A festa é marcada com muita música e poesia. Atualmente o dia 6 de janeiro recorda a poesia desses grandes artistas, que cativaram inúmeros fãs da cultura e da arte desse grande estado. Na casa onde morou Lourival Batista é mantida por seus filhos e netos a Casa do Repente – Instituto Lourival Batista, que recupera a história de Lourival e dos poetas da região. Lá ocorreu a comemoração do seu centenário, com cinco dias de festa, poesias e cantorias.

Em 5 de dezembro de 1992, aos 77 anos, Lourival faleceu. Viveu sempre da cantoria e do repente, exceto por um pequeno período como anotador do jogo do bicho.

PROGRAMAÇÃO DO FESTIVAL 101 ANOS DE LOURO E 60 ANOS DE ZETO

Dia 03 de janeiro (domingo)
Igreja da Matriz de São José – 19h - Missa do Cantador, com o poeta Pe. LuisinhoCantadores: Valdir Teles e Diomedes MarianoInstituto Lourival Batista – 21h- Exposição permanente: Lourival Batista - 100 Anos de Poesia- Exposição fotográfica: A Parte que Iluminou - de Josimar MatosExibição de filmes - Não tem só mandacaru de Tauiana Uchoa- Bom dia, poeta! de Alexandre Alencar

Dia 04 de janeiro de 2015 (segunda)
Bodega de Job Patriota– 15:30- Recital: Lucas Rafael e Marcos Passos - Lançamento de livro Cosmigalha, de Tonfil- Recital da Roedeira: Izabela Ferreira, Thyelle Dias, Sara Cristovão, Dekiane Ribeiro, Mariana Veras e Dayane Lopes- Silvia Patriota (Lançamento do CD, O Canto do Uirapurú) - Kely Rosa- MambembePalco Zá Marinho – 20h - Cantoria: Rogério Menezes e Raimundo Caetano- Recital: Chico Pedrosa - Tonfil e Romane (França) - Pernambuco Quartet (Antônio Marinho, Breno Lira, César Michiles, Lucas dos Prazeres) - Bia Marinho- Flávio Leandro (Abertura: Delmiro Barros)

Dia 05 de janeiro (terça)
Espaço João Macambira - 10h - Espetáculo infantil: O Touro Azul e as Canções com Rildo de Deus e Anaíra MahinEspaço João Macambira – 15h - Mesa de debate Tema: ZetoCom Ésio Rafael, Nõe de Jó, Luis Homero, Antônio José de Lima e Paulo Carvalho - Acolhida: Antonio MarinhoBodega de Job Patriota - 17h- Recital: Vanilson Cabeção e Ícaro Tenório - Lançamento de livro e recital Adeus, de Miró, com intervenção visual de Raoni Assis- Mestre Anderson e seu Terno de Maracatu- Vozes e VersosPalco Zá Marinho – 20h- Lucas dos Prazeres - As Severinas (Lançamento do CD Tribos) - Val Patriota (participação de Lostiba)- Em Canto e Poesia- Geraldo Azevedo

Dia 06 de janeiro (quarta)
Bodega de Job Patriota – 12h- Confraternização com Baião de Dois- Leitura declamada do cordel 100 anos de Louro do Pajeú, por Arlindo Lopes- Lançamento de livro “ O rei me disse fica, eu disse não” – 100 repentes de Lourival Batista, de Marcos Nunes da Costa, Maria Helena Marinho e Raimundo Patriota- Recital: Paulo Passos e Alan Miraestes- Lançamento do livro Nietzsche e Rosset – Alegria, impulso e criação e da coleção Filsofia em Cordel de Lindoaldo Campos- Recital: Graça Nascimento - Mesa de Glosa, Caio Menezes, Elenilda Amaral, Dudu Moraes, Dayane Rocha. Coordenação: Jorge Filó- Cantoria: Valdir Teles e Diomedes Mariano- Cantoria: Raimundo Caetano e Rogério Menezes- Lucas de Oliveira interpreta Elomar - Trio Retalhos em Cordas- Henrique Brandão- Maciel Melo

BIOGRAFIAS 
Lourival Batista Patriota, também conhecido por Louro do Pajeú (Itapetim, 6 de janeiro de 1915 — São José do Egito, 5 de dezembro de 1992) foi um repentista brasileiro. Considerado o rei do trocadilho, concluiu o curso ginasial em 1933, no Recife, de onde saiu para fazer cantorias.Foi um dos mais afamados poetas populares do nordeste brasileiro.

De família de repentistas, era irmão de outros dois repentistas famosos (Dimas e Otacílio Batista) e genro do poeta Antônio Marinho (a guia do sertão), tendo sido um dos grandes parceiros do paraibano Pinto do Monteiro.
Sempre viveu dessa arte de repentista e cantador. Apresentou-se, assim, em várias partes do Brasil.


Há dez anos morria o poeta José Antônio do Nascimento Filho, o Zeto do Pajeú, que ganhou fama quando, depois do golpe de 64, Miguel Arraes voltou ao Brasil e venceu as eleições para governador de Pernambuco, em 1986. O protesto contra os militares que destituíram e exilaram Arraes ecoou na voz e na viola de Zeto: "Volta Arraes ao Palácio das Princesas, vai entrar pela porta que saiu". Esses versos foram repetidos inúmeras vezes do Sertão ao cais e se tornaram o símbolo do retorno de Arraes à cadeira de governador. 

Zeto nasceu em Canhotinho, no Agreste. Aos cinco anos se mudou com a família para Caruaru e na adolescência veio para o Recife. Em abril de 1986, durante uma viagem a São Paulo para participar de um congresso do Partido Comunista, conheceu a cantora Bia Marinho. Ela lhe abriu não só o coração, mas também o caminho do Pajeú e da fama. Em poucos dias de namoro, se apaixonaram. Foram morar juntos em São José do Egito, terra do pai dela, Louro do Pajeú, e surgiu a gravidez do primogênito, Antônio Marinho - que seguiu a trilha poética do pai. Para seguir uma tradição sertaneja, o casal combinou que Zeto teria que pedir ao pai dela a permissão para o casamento.

Sentados em círculo na sala da casa da família de Bia, Zeto abriu o discurso. Mas de nada adiantaram os ensaios. Cada vez se enrolava mais e não saia nada compreensível. Bia interveio: "Pai, ele quer pedir minha mão". Louro do Pajeú, poeta maior da região, com aquela sabedoria secular do sertanejo, olhou para o pretendente e disparou com um sotaque nordestino bem carregado: "É só o que falta ela te dar". A família caiu na gargalhada e começava ali uma longa história de amizade entre os dois poetas. A primeira doação do sogro ao genro, além do verso da volta de Arraes, foi o sobrenome. A partir de São José do Egito, passou a ser chamado de Zeto do Pajeú. 

Apaixonado por poesia e por música, logo se adaptou à nova moradia, que já era conhecida como a terra dos poetas. Religioso, costumava rezar e ir á missa todos os domingos. Pai zeloso, acordava com o dia ainda escuro para preparar as refeições da família e levar os três filhos à escola (Antônio, Miguel e o enteado Greg). Na música, apreciava os cantores regionais, mas não deixava também de curtir Caetano, Jorge Mautner, Gil, Vicente Celestino - Zeto interpretava com maestria o Ébrio. 
Na poesia, conhecia e gostava dos versos de poetas como Baudelaire, Fernando Pessoa e Augusto dos Anjos. Na esteira do poeta paraibano, também deixou uma única obra, o CD Curvas, gravado em apenas quatro horas, sem intervalo, num estúdio do Poço da Panela, no Recife. Na gravação, Zeto conversa, afina o violão, declama e canta. Há pouco tempo, Yamandu Costa fez uma revelação: "Na hora de cozinhar, gosto de ouvir o disco de Zeto". 

Às quatro horas da tarde do dia 14 de outubro de 2002, aos 46 anos, o poeta, que era como costumava chamar todo mundo, deu seu último suspiro e partiu para a eternidade. No seu enterro, em Canhotinho, tendo como testemunhas parentes, amigos, filhos, poetas e bêbados, o filho Antônio Marinho declamou versos de Augusto dos Anjos e a companheira Bia Marinho foi buscar nos versos de Vinicius de Moraes a senha para a despedida: "Eu sei que vou te amar, por toda a minha vida eu vou te amar, a cada despedida eu vou te amar....". Terminava assim, de forma precoce, a história de um homem que dedicou toda a sua vida à música e à poesia.

Com informações do Jornal do Commercio 
Fonte: Âncora do Sertão Online
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