A participação das mulheres na construção de políticas públicas tem chamado a atenção de outros países. “Nos demais países da América Latina, isso não acontece. Neste tipo de ação, o Brasil é inovador, porque faz com que elas usufruam dos seus direitos”, afirma Emma Siliprandi. Ela coordena o projeto Apoio às Estratégias Nacionais e Subregionais de Segurança Alimentar e Nutricional e de Superação da Pobreza em países da América Latina e Caribe, cooperação técnica entre o Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS) e a Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) que leva a experiência brasileira para 10 países da região.
“Programas sociais que dão às mulheres o papel de protagonistas, como o Bolsa Família e o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA), têm muito êxito porque reconhecem a capacidade delas de gerir a renda e garantir uma alimentação adequada à família”, explica Emma. Ela participa, junto com 26 delegações estrangeiras, da 5ª Conferência Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional, que começou nesta terça-feira (3), em Brasília.
“As mulheres rurais e urbanas geralmente têm uma dificuldade de participação na política.
A consequência disso é que as políticas públicas tendem a ter um olhar masculino e não se preocupam com as situações concretas que as mulheres têm que enfrentar na vida cotidiana para garantir a alimentação das famílias”, afirma a coordenadora.
Alan Bojanic, coordenador residente das Nações Unidas para o Brasil, ressaltou que a Conferência é uma excelente oportunidade para mostrar o modelo brasileiro de construir políticas públicas que tem a participação social como fundamento. “A conferência é uma expressão da participação social, dos estados e municípios. E uma instância ideal para mostrar outras características do modelo brasileiro que conta com a transferência de renda, como o Bolsa Família, e com os programas de apoio à agricultura familiar e de alimentação escolar.”
O representante da Articulação Semiárido Brasileiro (ASA), Naidson Batista, lembra da importância do envolvimento da população para garantir que quase 5 milhões de sertanejos tenham hoje acesso à água de qualidade para consumo e produção. “Hoje as pessoas têm uma água limpa, pura e de qualidade. Quando eu bebo água contaminada, estou consumindo algo de mentira. Quando não tenho água para produzir alimentos, não temos também comida”, aponta. “As cisternas expressam uma política que foi construída a partir de sugestões da sociedade civil para um governo que é capaz de ouvir, de dialogar e de construir junto. Para mim, o sucesso dessa política está nesse processo. Não queremos que isso pare.”
Outra estratégia que as mulheres do campo tiveram acesso foi a assistência técnica, para apoiar que as agricultoras pudessem planejar sua produção e aumentar a renda. Das 358 mil famílias que receberam assistência, 88% são chefiadas por mulheres. Além disso, 137,8 mil das famílias lideradas por mulheres com projetos produtivos apoiados com assistência técnica já estão recebendo recursos de fomento para implantá-los.
Além de promover o acesso à água e fomento, o governo federal ampliou os canais de comercialização por meio do PAA.
As mulheres representam a metade dos agricultores que vendem para o programa. A estratégia integra as ações para o fortalecimento da agricultura familiar, reconhecendo seu importante papel na oferta de alimentos frescos e saudáveis para a população e na promoção da segurança alimentar e nutricional. ( LEIA MAIS AQUI )