Baião sem barrocos, o toque cético.
Os lábios em rascunho, espírito stereo.
A única performance é a do verso.
A inspiração ao fio do critério.
Arquitetura de marco enciclopédico.
O olhar de mira: coldre a descoberto,
a mão à véspera, a fósforo, a périplo.
A viola, arma branca ao deus ébrio.
Campos do improviso, calango elétrico.
Um transe com cronômetro, desconecto
da extinta linha dos aedos.
Do blog do poeta
SOBRE O POETA IVANILDO VILA NOVA - Nascido em Caruaru (PE), em 13 de outubro de 1945, Ivanildo Vila Nova cresceu acompanhando seu pai, o famoso cantador José Faustino Vila Nova, pelas noitadas de cantorias. Se a vida do repentista naquela época era extremamente espinhosa, para um menino, então, o sacrifício era extremo.
Ao abraçar a Arte do Improviso, Ivanildo não queria apenas ser mais um no cenário da poesia. Era imperioso que o quadro existente fosse modificado para a sobrevivência da Cantoria. Antes de Ivanildo Vila Nova, a Cantoria era amadora, onde o compromisso era apenas com o divertimento, o lúdico, a boemia. Com ele, aconteceu a profissionalização, a elevação do cantador à categoria de artista.
Os mais céticos apostavam que a cantoria, ao sair do sertão para ganhar espaço nos grandes centros, estaria fadada à extinção. Porém, com a ascensão de Ivanildo e dos cantadores de sua geração (Geraldo Amâncio, Moacir Laurentino, Sebastião Dias, Severino Ferreira e Sebastião da Silva, entre outros) abriu fronteiras. O trabalho dessa geração saiu do sertão para a cidade, saiu do Nordeste para outras regiões, chegando até a outros países.
Quando sua luz começou a ofuscar as estrelas da constelação da poesia, batalhas homéricas foram travadas, gerando cantorias antológicas. Ivanildo Vila Nova permanece se dedicando exclusivamente à Arte do Improviso, edificando tijolo por tijolo as paredes desse templo da poesia, conhecido simplesmente por Cantoria de Viola.
Fonte: Enciclopédia Nordeste por Ivan Maurício 26/11/2007