Rogaciano Leite, o mais erudito dos grandes poetas populares do Pajeú
O amor não é racista... ela dizia,
Quando em beijos ardentes me abrasava,
Ao seu peito nervoso me apertava,
Ao meu peito nervoso eu lhe prendia.
Era noite na praia, ninguém via
Aquele par que se beijando estava...
Nos braços do cristão ela sonhava!
E eu sonhava nos braços da judia!
No templo azul daquela noite calma,
Eu lhe dei uma pátria na minh’alma
E ela me deu em sua alma a Canaã...
Desde então o racismo se inverteu!
Vivo pensando que fiquei judeu,
E ela pensando que ficou cristã...
(soneto de Rogaciano datado de 01/08/1950)