ZÉ DO CARMO
[José do Carmo Souza]
1933, Goiana/PE
Filho mais velho de uma família de seis irmãos, Zé do Carmo faz desde menino brinquedos de barro para vender na feira. Os pais moravam nos fundos da Igreja da Misericórdia de Goiana, e ali ele teve os primeiros contatos com a imaginária católica. Morou em Recife, concluiu o curso ginasial e voltou para Goiana com a família, continuando na arte do barro ao mesmo tempo que trabalhava como sacristão na igreja do Rosário dos Homens Pretos.
Começa a fazer anjos "com cara de gente, e não de santo". Zé do Carmo foi estimulado por Gilberto Freire a criar um presépio nordestino, e chegou a fazer a escultura de barro de um Vovô Natalino sertanejo - em vez de Papai Noel - de 2m de altura, andando de carro de boi e não de trenó. A fase dos anjos nordestinos data dos anos 70. Dos anjos de barro que passou para a tela, vieram de início as cores creme, ocre, primeiro feitas com pigmentos da terra e pó de pedra, e depois com tintas industriais. Quando João Paulo II veio ao Brasil, a Arquidiocese lhe ofereceu de presente um conjunto de músicos nordestinos do artista, aos quais ele acrescentou um anjo cangaceiro. A arte de Zé do Carmo, plena de religiosidade e irreverência, vende hoje em galerias de arte apenas o suficiente para fazê-lo sobreviver.
"A situação do artesão no Nordeste é de penúria", constata.
Fonte: Galeria Brasiliana