Os últimos resultados das avaliações do ensino básico brasileiro (educação infantil, fundamental e ensino médio) divulgados pelo Ministério da Educação (MEC) mostram, além do baixo rendimento do ensino fundamental e do ensino médio, o crescente abismo entre a educação pública a particular.
Essa realidade traz graves consequências para a formação ética, política e cultural da sociedade brasileira. Hoje, das 55,9 milhões matrículas no ensino da educação básica, 86,5% são feitas pela rede pública; no ensino médio, 85,15% estudam na rede estadual de ensino.
Os resultados do último Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM) revelam, juntamente com a queda do desempenho dos estudantes do ensino médio, a disparidade entre os alunos da escola pública e privada. Aqueles que estudaram somente em escola pública obtiveram média 34,94 na prova objetiva e 51,23 na redação, enquanto o grupo que declarou ter estudado somente em escola particular teve média de 50,57 na parte objetiva e de 59,77 na redação. Além disso, dados do Sistema Nacional de Avaliação da Educação Básica (Saeb), aplicado em 2005, revelaram que estudantes da 8ª série do ensino fundamental e do 3º ano do ensino médio do país têm o pior resultado em português e matemática dos últimos dez anos.
O reflexo de uma educação pública que não decola está exposto aos olhos e na própria sociedade. Para o professor Roberto Leher, da Faculdade de Educação da UFRJ e membro do Conselho Latino-Americano de Ciências Sociais (Clacso) está em curso um "apartheid" educacional e científico-tecnológico que opõem países centrais e periféricos e, dentro de cada país, ricos e pobres.
Fonte: Brasil de Fato / 16/02/2007